Vivenciamos mais uma Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
Povos e comunidades de todo o território nacional e representantes de outros países aqui se irmanam na perspectiva da construção de políticas que nos garantam a Comida de Verdade no Campo e na Cidade.
Neste contexto, nós, signatários deste documento, conscientes de nosso papel como construtores de políticas públicas, não podíamos deixar de ecoar nossa voz, na linha de reafirmar, aprofundar e ampliar as políticas que fazem do Semiárido um Semiárido Vivo.
Estamos, ainda, atravessando uma das mais severas e duradouras secas dos últimos tempos. No entanto, mortes, êxodo, saques, filas intermináveis de pessoas para receber uma lata d’água, frentes de serviços, compra de votos às custas da miséria, tudo isso ficou na história como uma marca desumana das políticas que desrespeitam o Semiárido e seu povo.
A virada desta página da história brasileira se deu graças à luta, coragem e protagonismo do povo do Semiárido, aliado a políticas públicas adequadas e voltadas para o bioma e sua gente, que deram ao Semiárido uma cara mais humana. Foram 12 anos de ações consecutivas neste caminho. Foram e são políticas como o Bolsa Família, o Bolsa Estiagem, o Garantia Safra, linhas de assistência técnica e o crédito adequados, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), as múltiplas ações de Economia Solidária, o Programa Água para Todos com suas variadas facetas e, de modo especial, as cisternas de placa para água de consumo humano – estamos na casa de um milhão destas cisternas – e os implementos de captação de água para produção, os quintais produtivos, a produção de alimentos saudáveis, as cisternas nas escolas e os bancos de sementes.
Todas estas ações e políticas têm a marca do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea Nacional) e dos Conseas Estaduais.
É evidente que tudo isso apenas sinaliza o início de uma grande reviravolta, pois mais de 500 anos de opressão não se resolvem em três gestões públicas, por mais comprometidas que sejam.
Assim, muito ainda precisa ser feito! Nos chama atenção, principalmente, a crise hídrica que assola o país nos últimos anos, que revela ainda uma situação de extremo sofrimento dos povos, sobretudo o povo do Semiárido. É dramático ainda o sofrimento de milhares de famílias em busca de água para o consumo humano.
A palavra de ordem, assim, é continuar e ampliar estas políticas, interrelacionando-as com outras tão importantes e essenciais como as aqui nominadas e, entre as quais, queremos destacar duas:
• O respeito e o carinho para com o Rio São Francisco, evitando ações predatórias e intensificando fortemente as estratégias de sua revitalização. Neste momento que realizamos a Conferência, o rio conta com a menor quantidade de água já registrada em seu leito. Os povos do Semiárido querem que o Rio São Francisco lhes seja devolvido vivo.
• O acesso das populações à terra e territórios, em tamanho adequado, condição indispensável para a viabilidade do Semiárido e a concretização da convivência com o mesmo.
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