A morte do jornalista Luciano Herbert está suscitando um debate interessante porquanto permitir o questionamento mesmo no doloroso momento do luto.
Luciano morreu de câncer no pâncreas, no início desta sexta-feira, em Natal.
Atravessou dificuldades nos últimos momentos de vida. Com uma trajetória de sucesso ao longo da carreira, restaram as indagações sobre o “abandono” do jornalista.
Os questionamentos inundam um dos grupos do Whatsapp mais movimentados: o Antenados do RN, onde 100 jornalistas se acomodam.
Por que, afinal, Luciano foi ‘abandonado’?
Uma das frases mais célebres de Joseph Pulitzer cita que ‘jornalistas não têm amigos’.
O homem que inventou o conceito de notícia como o conhecemos queria dizer que jornalistas deviam manter o distanciamento necessário para que pudessem ter como único compromisso reportar os fatos.
Na prática, a teoria é outra.
Ninguém sobrevive sem amigos.
A grande questão é quando a relação de amizade é desvirtuada.
É um perigo quando o jornalista se considera um personagem do círculo do poder que ele foi escalado para reportar. Não pertence! E fingir o contrário implica em comprometer sua capacidade de reportar a notícia. Deixa de ser repórter. Passa a ser porta-voz.
Talvez Luciano tenha entendido esse espírito. Transitou pelo poder, sem jamais se deixar confundir com ele.
Na morte, não houve generosidade daqueles com quem serviu.
Isso nos coloca ainda diante de outra metáfora. O poder passa. No Antenados do RN, uma colega bem o definiu como uma roda gigante. Ora quem o ocupa está no topo. Mas a roda gira, e o inevitável vem.
É uma armadilha para si, se embriagar com as ilusões de poder. Além de revelar uma pobreza de espírito que nenhum poder deste mundo é capaz de suprir.
Herbert sempre soube diferenciar isso. Morreu em dificuldades, mas com honradez.
Fonte Ponto ID.
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