31/05/2016
17:47

Por: Alex Viana

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O governador em exercício do Rio Grande do Norte, vice-governador Fábio Dantas (PC do B), diz que a maior contribuição que o presidente interino da República, Michel Temer (PMDB), poderia oferecer ao País, seria a renúncia. Eleito vice-governador ao lado de Robinson Faria (PSD) em outubro de 2014, Fábio assumiu interinamente a gestão estadual durante doze dias de licença do titular do cargo, para uma viagem com a família aos Estados Unidos.

Na visão de Fábio Dantas, a renúncia de Temer, para alcançar os efeitos benéficos à nação, diante do quadro de grave crise econômica e política, precisaria ser acompanhada do mesmo gesto da parte da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT). Antes mesmo que o impeachment fosse votado definitivamente no Senado Federal.

“Há um descrédito da classe política e há um governo ilegítimo no poder. O governo atual tem 1% de aprovação pública e sabemos que não tem como governar sem o apoio da população, mesmo havendo apoio no Congresso. A gente também sabe que, com o passar do tempo, esse apoio do Congresso vai começar a migrar. Então eu acho que o atual presidente pode, em conjunto com a presidente afastada, dar um grande passo para ajudar o Brasil, renunciando ao mandato e convocando novas eleições, para sobretudo dar legitimidade a um novo governo”, diz Dantas.

Nessa entrevista exclusiva concedida pelo governador em exercício Fábio Dantas ao portal de Notícias Agora RN, ele também aborda a situação econômica do ponto de vista do estado e responde a questões políticas, como a saída do PT da gestão estadual, eleições em Natal e candidatura futura ao Senado.

A entrevista foi feita em duas partes. Confira a parte número dois a seguir:

Agora RN – Como o senhor avalia o momento político por que passa o país com o governo interino de Temer e o afastamento de Dilma?
Fábio Dantas – Eu defendo claramente que a economia foi o maior alicerce para o impedimento da presidente, então essa questão valorizou muito isso. As pessoas que se propuseram a fazer o impeachment tinham o intuito de disponibilizar a sociedade a recuperação econômica do país em curto prazo, mas a gente vê que ainda não melhorou nada. Por que? Porque há um descrédito da classe política e há um governo ilegítimo no poder. O governo atual tem 1% de aprovação pública e sabemos que não tem como governar sem o apoio da população, mesmo havendo apoio no Congresso. A gente também sabe que, com o passar do tempo, esse apoio do Congresso vai começar a migrar. Então eu acho que o atual presidente pode, em conjunto com a presidente afastada, dar um grande passo para ajudar o Brasil renunciando ao mandato e convocando novas eleições, para, sobretudo, dar legitimidade a um novo governo.

Agora RN – Mas seria preciso mudar a Constituição para que ocorressem as novas eleições…
Se houvesse renúncia, sim. Mas por processo de cassação do Tribunal Superior Eleitoral, seria um caso mais traumático, que não ajudaria em nada o País.

Agora RN – Ultimamente políticos ligados ao governo vêm sendo citados na Lava Jato. Dois ministros caíram. O senhor acredita que Temer continuará enfrentando problemas relacionados à Lava Jato?
Eles estão em evidencia, não é? Onde tiver alguma brecha, as pedras serão atiradas. O PMDB sempre teve espaço político, esteve presente em todos os governos e provavelmente sempre deve ter cometido ações que hoje vão ser passiveis de investigação pela Lava Jato.

Agora RN – O presidente Temer não sinalizou em nenhum momento que pode renunciar ao cargo, muito pelo contrário. Diante desse contexto, como é que se posiciona o governo do RN frente a situação política nacional?
Acho que se o presidente retomar a economia ele já vai ajudar muito o Rio Grande do Norte. Não adianta ficar pensando que seremos beneficiados por A, B ou C. As políticas públicas de uma economia tendo sucesso ajuda o país inteiro. Na medida que o governo acertar, todos os estados serão beneficiados e eu espero que isso realmente aconteça. É difícil fazer essa transição que está havendo, mas à medida que a economia melhorar, vai melhorar para todo mundo. Creio que em 2016 não teremos muitas mudanças e por isso defendo a questão das novas eleições, acho que isso melhoraria a economia porque seria um governo legítimo. Mas se caso a presidente continue afastada e Temer assuma definitivamente, espero que ele consiga acertar e recuperar o Brasil.

Agora RN – Qual a avaliação parcial do governo Robinson até aqui?
Está sendo um governo de muitas dificuldades. Pegamos um Estado com a economia aos frangalhos, com recursos muitos escassos, déficit previdenciário gigante, estado com seca, e agora a economia nacional que não reagiu absolutamente nada. Os passos que deveriam ser tomados por nós estão sendo feitos, só precisamos que o País retome a rota do desenvolvimento para que a gente consiga crescer também.

Agora RN – Como ficou o governo depois da saída do PT?
A gente lamentou muito, eles foram grandes parceiros no período da nossa campanha e também no primeiro ano do mandato. Infelizmente houve aquele momento que teve a divergência e não conseguimos superar, se tivesse sido superado seria melhor. Temos agora essa fragilidade de não termos mais o apoio deles. Infelizmente ambos os lados perderam com essa divisão.

Agora RN – O PC do B chegou a se dividir em relação a essa situação? Afinal, o partido sempre foi aliado do PT…
Alguns filiados queriam rompimento, enquanto outros acreditavam que a gente não poderia verticalizar uma questão de Brasil. Não é fácil a gente conciliar todas as divergências, mas o presidente do PC do B, Antenor Roberto, ficou muito centrado nesse ponto de separar o que era Brasil e o que era RN, por isso continuamos ao lado do governo.

Agora RN – Qual posicionamento do PC do B nas eleições municipais deste ano em Natal?
O vereador George Câmara será o nosso candidato em Natal, já está confirmado. Estamos tentando, fazendo uma junção de forças com outros partidos para ganharmos confiança, porque as nossas prioridades serão Natal e Parnamirim. Nosso foco serão esses dois municípios. O detalhe é que se Carlos Augusto Maia for vencedor em Parnamirim, George que é o primeiro suplente se tornará deputado estadual no lugar de Carlos.

Agora RN – Em relação a Natal, o governador já tem posição?
Ele acha importante que tenham várias candidaturas para dar mais qualidade ao debate. Espera que seja um debate democrático e mais extenso, sobretudo que exista a realização dos dois turnos e que no segundo turno ele possa se dedicar mais a capital, uma vez que já haverá as definições nos outros municípios.

Agora RN – O nome do senhor vem sendo colocado como um possível candidato ao Senado em 2018, como avaliar isso?
Sou candidato a ver o RN melhor. O momento não é para a gente contribuir com candidatura, acho que com ideias e trabalho seria melhor. Nenhuma candidatura se sustenta sem haver trabalho e aceitação popular. A partir disso os nomes vão surgir naturalmente. Eu não tenho nenhuma pretensão de uma candidatura que não seja apoiada pelos meus colegas. A eleição desse ano vai ajudar a construir uma nova geração política no Estado. Nunca tive esse pensamento de candidatura, nem mesmo para vice, mas acabei sendo na chapa do Robinson, mas nunca trabalhei para isso, a chance nasceu de uma consequência do processo democrático daquele ano. 2018 ainda está muito distante e até lá muita coisa ainda pode acontecer. Meu nome sempre está à disposição para trabalhar, o resto é consequência.

Publicado por: Chico Gregorio

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