Hospital Regional Tarcísio Maia
Desde 2019 o número de leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) administrados pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) cresceu 114% no Rio Grande do Norte, passando de 98 para 210.
Enquanto isso, nesse mesmo período, os leitos de responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde passaram de 32 para 18, uma queda de 39% de um número já considerado insuficiente para a população de Natal que, segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é de 751. 300 habitantes.
No caso dos leitos administrados pela Sesap, boa parte das novas vagas foram abertas durante o período da pandemia de Covid-19 e mantidas após essa fase. Foi o caso do Hospital Tarcísio Maia (Mossoró), que passou de 9 para 29 leitos; do Hospital Rafael Fernandes (Mossoró), que passou de 0 para 10 leitos; do Hospital Giselda Trigueiro, cujas vagas subiram de 7 para 32; do Hospital Maria Alice Fernandes, que foi reaberto após seis anos fechado e passou de 0 para 10 leitos; do Hospital João Machado, que também passou de 0 para 20 leitos; do Hospital Coronel Pedro Germano (PM), que passou de 4 para 10 vagas; do Hospital Alfredo Mesquita (Macaíba), que passou de 0 para 10 leitos, do Hospital Deoclécio Marques de Lucena (Parnamirim), que passou de 10 para 23 vagas de UTI; e do Hospital Nelson Inácio dos Santos (Assú), que passou de 0 para 10 leitos.
“Desde 2019 foram mais de 200 novos leitos, espalhados em todo o estado. Apenas em 2024 foram estruturados leitos nos hospitais Deoclécio Marques de Lucena, para ampliação da linha de atendimento ortopédico, e Geral João Machado, focado no atendimento aos casos de neurologia, para a linha do AVC que está em plena fase de estruturação e que será provavelmente a única do estado também. Vocês sabiam que o Deoclécio Marques é o nosso hospital de maior complexidade ortopédica e lá estamos fazendo cirurgias de complexidade nunca feitas no SUS do RN? A linha de cuidado da ortopedia foi uma das linhas que recebeu maior investimento nesse governo, até porque estamos passando por uma epidemia de acidentes automobilísticos e precisamos responder rapidamente, visto que ainda há carência de portas municipais de baixa complexidade da ortopedia em todo o estado. Praticamente só os serviços estaduais atendem a ortopedia e isso custa muito dinheiro”, lamenta Lyane Ramalho, titular da Sesap.
Para dar conta dos novos leitos abertos, a Sesap convocou mais de quatro mil servidores por meio de concurso público. Mesmo assim, Ramalho explica que ainda há uma alta demanda por internações resultante, principalmente, da redução de investimento em saúde de alguns municípios, o que acaba sobrecarregando o sistema estadual.
No caso do município de Natal, a estratégia durante a pandemia de Covid-19 foi criar um Hospital de Campanha, cuja maioria dos leitos foi fechada após esse período. O Hospital de Campanha do município tinha 23 vagas das quais apenas 9 permanecem ativas hoje, tendo sido transferidas para a Maternidade Araken Farias. Atualmente, além dessa unidade, apenas o Hospital dos Pescadores possui leitos de UTI na rede municipal, num total de 9 vagas, as mesmas do período pandêmico.
“Muitos são os motivos [das filas] e digo isso com muita certeza, pois vivenciamos hoje o pós covid com uma exacerbação das pioras das comorbidades, a epidemia de acidentes de motos, entre tantos outros. Ao vivenciar os desafios e soluções do SUS do Rio Grande do Norte e já conhecendo a realidade dos outros estados vejo como o nosso estado tem um peso quase insustentável de despesas e que deverá e já está sendo revisto com os outros entes. A SESAP/Governo do Estado é responsável atualmente por 22 hospitais regionais e é lá onde estão praticamente todas as UTI’S que estão dentro do REGULARN. Quero dizer e reafirmar aqui que o REGULARN é público e transparente, para qualquer pessoa. E desafio aqui a qualquer pessoa a identificar quantas UTI’S são de entes municipais. E pergunto onde estão as UTI dos municípios polos? E por que a grande mídia não pergunta por elas minha gente? Garanto que se Natal, da gestão do atual prefeito que apoia Paulinho Freire criasse mais 25 UTIS e disponibilizasse para a regulação assim como Mossoró, tenho certeza de que todos os problemas se resolveriam. Não acham?”, questiona a gestora.
A Agência Saiba Mais entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Natal na tarde desta segunda (14) para saber sobre o quantitativo e leitos de UTI desde a pandemia da Covid-19, mas a equipe não conseguiu levantar os números até a publicação desta matéria.
Agência Saiba Mais*